quarta-feira, 28 de novembro de 2012

#EuProtestoMesmo!


Chega a me dar calafrios. Juro que não entendo, sério mesmo. Já explico. Esse novo milênio está se definindo como a era da comunicação, marcado pela divergência dos veículos. Não é mais a rede bobo Globo quem define sobre o que nós vamos conversar na manhã seguinte, não. A internet nos últimos 15 anos se transformou num ferramenta poderosíssima no que diz respeito ao comportamento da massa. Não é um falando para todo mundo, é todo mundo metendo o bedelho onde foi chamado, onde não foi, resmungando aleatoriamente sobre qualquer coisa; no falecido twitter, facebook e tantos blogs espalhados por aí (como eu e a galera do Veneno Define fazemos ou pelo menos tentamos fazer).

Lembro que na faculdade falavam muito em lutar pela democratização da comunicação; em rever as concessões dadas às grandes emissoras, pois elas não estão cumprindo o papel que deveriam e mais um monte de mimimi que é lindo quando a gente ta cercado pelos muros de uma universidade, sonhando com um mundo melhor e esquecendo que o mercado de trabalho, principalmente para nós jornalistas, é mais cruel com todos esses sonhos do que a gente imaginava. Era um micro mundo chamado movimento estudantil que me fez crescer bastante enquanto indivíduo politico. Experiência que na minha opinião todo mundo deveria ter. Mas era pouco. Muito pouco. Tipo micro.

Na minha sincera opinião a porra começou a ficar séria quando movimentozinhos desse nicho começaram a transcender os muros da universidade. Aí você que me lê pergunta: "Como assim Jan? Você não acabou de falar que era ruim pois ficava resumido somente àquele cantinho do universo?"  Já te explico melhor. O Brasil, especificamente, se viu cheio de ativistas políticos. Foi lindo! Região sul e sudeste deixaram de lado as divergências com o nordeste, o centro-oeste seguiu de mãos dadas ,e acreditem, até o Acre e a região norte apoiou a causa. Todos juntos como nunca gritando #ForaSarnei, no twitter (¬¬').

A expressão foi utilizada pela primeira vez na rede social por Rafinha Bastos, na época apresentador do programa Custe o Que Custar, enlatado comprado pela rede Bandeirantes. O dia 17 de junho de 2009 Rafinha postou:
José Sarney meda ["me dá"] vergonha de ser brasileiro.#forasarney(vamos popularizar a tag)

E começou a Pandemia.


A postagem dizia respeito a uma série de denúncias de irregularidades que envolviam o nome do bigodudo que na época era o presidente do Senado. Claro, Rafinha falava com conhecimento de causa investigava e conhecia todas as barbaridades que aconteciam na Casa da mãe Joana. Manifestação válida. Depois de um tempo virou foi modinha. Se você era legal e descolado tinha que postar #ForaSarney para provar o quanto amava esse país! Lindo né?! Um bocado vazio também. Poucos sabiam a verdadeira origem da manifestação. Poucos fizeram algo de verdade.

Esse papo de protestar pela internet cresceu de um jeito tão irritante que parece até sacanagem. Mais recentemente a causa que anda movimentando as redes sociais diz respeito aos índios Guarani Kainowá do Mato Grosso do Sul. A colonização do estado resultou num constante conflito agrário. Já explico melhor. Para que os fazendeiros se instalassem  na região, o governo federal concedeu títulos de posse às terras que eram ocupadas tradicionalmente pelos índios. Muitos deles estavam sendo mortos e agredidos gratuitamente pelos empregados desses fazendeiros, suas mulheres estupradas (nada que nós já não conhecemos historicamente) enfim acabou o sossego dos índios.



Essa confusão toda motivou um grande abaixo assinado virtual (Eu assinei. Confesso. Mas descrente de que poderia mudar alguma coisa). Do nada uma multidão de pessoas mudou o nome do FaceBook de Fulano de Tal da Silva para Fulano de Tal Guarani Kainowá da Silva. Tudo isso para mostrar o quanto ele é legal, descolado e o quanto ele pode ajudar esse povo que está sendo oprimido e esquecido pelo poder público. (Me poupe)

Na época do #ForaSarney o próprio Marcelo Tas, colega de trabalho do Rafinha Bastos, disse que o fato da hastag permanecer nos treding topics (tópicos mais comentados) do twitter era irrelevante. E era mesmo, mas tinha quem acreditasse o contrário. Marcos Mignon, Sandy & Júnior formaram e mais um monte de sem noção da televisão brasileira ficaram enchendo o saco do ator Ashton Kutcher via twitter, pra fazer o cara postar o tal do #ForaSarnaey. Ele sabiamente respondeu:

Para os brasileiros; só VOCÊS têm o poder de afastar seu senador. É o SEU país. VOCÊS devem lutar pelo que acreditam. Eu não tenho voto
Não satisfeito o otário Mignon postou:

Putz… O Ashton disse que não pode ajudar! Que nós temos que lutar pelo nosso país. Fuck… 

Minhas queridas crianças resmungonas e politicamente ativas, o que a tia Jan tá tentando dizer é que os problemas reais do nosso país só podem ser resolvidos com ações reais. Colocar no seu nomezinho do Face as palavras Guarani Kainowá não muda absolutamente nada a vida dos índios que você nunca viu pessoalmente. É lindo dizer que todo mundo é Guarani Kainowá e comer um bifão acebolado no almoço. "Como assim Jan? O que tem o meu bife acebolado com isso?!" Tudo bebê! Os fazendeiros que estão matando, agredindo, violentando e estuprando aqueles índios são os maiores produtores de carne bovina no país. Quer Protestar de verdade? Pare de bancar o pseudo intelectual babaca e suspenda a  carne de boi do seu cardápio. Tenho certeza que o impacto econômico teria um peso muito maior.

Beijos de luz para vocês!


Nenhum comentário:

Postar um comentário